Catarata
Catarata é a denominação dada a qualquer opacidade do cristalino, que não necessariamente afete a visão. Porém, catarata é uma doença freqüentemente progressiva e a imagem passa a chegar à retina com menor nitidez.
PREVALÊNCIA
Catarata é a maior causa de cegueira tratável nos países em desenvolvimento. Segundo a Organização Mundial da Saúde há 45 milhões de cegos no mundo, dos quais 40% são devidos à catarata.
TIPOS
A catarata pode ser congênita, senil ou secundária.
Na Catarata congênita, a criança nasce ou desenvolve a opacificação nos primeiros meses de vida. As cataratas geralmente são causadas por doenças adquiridas pela mãe durante a gravidez como rubéola, toxoplasmose e outras.
A Catarata senil é a mais frequente e geralmente aparece acima dos 50 anos, como parte do processo de envelhecimento natural do corpo.
As cataratas secundárias ocorrem por alterações metabólicas do cristalino, opacificando-o. As causas mais comuns de catarata secundária são diabetes, uveítes, traumas, excesso de radiação (UV ou outras), abuso de colírios como corticóides e choque elétrico, entre outras causas mais raras.
SINTOMAS
A catarata surge a partir da opacificação do cristalino, que é uma lente intra-ocular natural disposta em camadas.
Os sintomas da catarata são variáveis porque há diferentes processos que levam à opacificação do cristalino. Na catarata do tipo senil, que é o mais comum, as pessoas notam que a visão vai diminuindo progressivamente e os objetos podem aparecer amarelados e/ou nebulosos e/ou ter seu formato deformado.
Muitas pessoas com catarata acham que necessitam de mais luz para ver claramente e/ou enxergam halos de luz em ambientes escuros. Dependendo do tipo de catarata, pode ocorrer uma mudança de “grau”.
Em casos muito avançados a catarata pode ser visível “a olho nu”, como um “branco” dentro do olho.
Os sintomas mais comuns da catarata são:
- Visão turva, enuveada, borrada ou embaçada.
- Grande dificuldade para enxergar à noite.
- Aumento da sensibilidade ocular à luz.
- Percepção de uma espécie de aura em volta de focos de luz.
- Necessidade de ter luzes fortes para ler de forma adequada.
- Mudanças freqüentes de óculos ou lentes oculares para melhor enxergar.
- As cores parecem ficar mais amareladas.
- Visão dupla, quando se tenta enxergar apenas com um olho, ocorre mais raramente.
DIAGNÓSTICO
Devemos associar a queixa subjetiva do paciente aos sinais objetivos de catarata ao exame oftalmológico. Os sinais de catarata encontrados no exame oftalmológico de rotina são: perda da acuidade visual e alteração da transparência do cristalino na biomicroscopia do segmento anterior, em exame realizado com lâmpada de fenda.
TRATAMENTO
O único tratamento curativo da catarata é o cirúrgico e consiste em substituir o cristalino opaco por prótese denominada de lente intra-ocular.
Glaucoma
Glaucoma é uma doença causada por uma deficiência na drenagem do humor aquoso (líquido transparente produzido pelo corpo ciliar e localizado entre a córnea e o cristalino), podendo causar aumento da pressão intraocular, comprometimento do nervo óptico e alterações de campo visual.
Quando vemos um objeto, a imagem é transmitida do olho ao cérebro através do nervo óptico. Esse nervo funciona como um cabo elétrico, contendo cerca de um milhão de fios que levam a mensagem visual lateral ou periférica e também a visão central, usada para leitura. O glaucoma pode destruir gradativamente esses “fios elétricos”, causando pontos cegos na área de visão. O Glaucoma pode não provocar dor e os portadores dessa doença só percebem sua existência quando os danos são graves e irreversíveis. Se todo o nervo óptico for destruído, irá ocorrer uma cegueira definitiva.
TIPOS
O Glaucoma pode ser: de Ângulo Aberto, de Ângulo Fechado, Congênito ou Secundário.
Ângulo Aberto: Em geral, o glaucoma primário de ângulo aberto não apresenta sintomas. O paciente não sente dor e perde lentamente a visão, percebendo a perda quando o nervo óptico já está bastante lesado. Devido à ausência de sintomas, a melhor forma de diagnóstico desse tipo de glaucoma é o exame ocular periódico;
Ângulo Fechado: Ocorre quando o sistema de drenagem é bloqueado, geralmente, pela íris (a parte colorida do olho) e o líquido não consegue penetrar na rede trabecular para ser drenado. O paciente apresenta dores de forte intensidade na cabeça e no olho, que chegam até a provocar vômitos e redução da visão. A pressão intraocular torna-se muito elevada e pode lesar o nervo óptico de forma rápida e agressiva. Este é o quadro de uma crise de glaucoma agudo, uma emergência oftalmológica que, se não tratada rapidamente, leva à perda visual irreversível, parcial ou mesmo total, em questão de horas;
Congênito: É caracterizado pela má formação no sistema de drenagem do humor aquoso que ocorre em recém nascidos e crianças. A criança apresenta lacrimejamento, dificuldade em tolerar a claridade, perda do brilho da região da íris – que passa a aparentar uma coloração mais azulada e opaca – e aumento do volume do globo ocular;
Secundário: O aumento da pressão intraocular ocorre após doenças inflamatórias, catarata avançada, alteração dos pigmentos naturalmente existentes dentro dos olhos, hemorragia e obstrução de vasos intraoculares. Outra importante causa de glaucoma secundário é o uso de colírios de corticóide por tempo prolongado sem indicação e/ou acompanhamento do médico Oftalmologista.
CAUSAS
Vários fatores podem ocasionar a doença, um deles é o aumento da pressão intraocular. Um líquido claro e transparente chamado humor aquoso circula dentro do olho continuamente nutrindo as estruturas internas do órgão. Se o sistema de drenagem do olho entope, a pressão intraocular aumenta e, com o tempo, pode causar danos irreversíveis ao nervo óptico. O glaucoma não significa pressão intraocular elevada, sendo esta, o principal fator de risco.
Muitos portadores da doença podem apresentar a pressão intraocular normal nos exames de rotina e, ainda assim, demonstrarem perda de campo visual.
SINTOMAS
- Visão embaçada
- Dor severa no olho
- Dor de cabeça
- Auréolas de arco-íris ao redor das luzes
- Náusea e vômitos
TRATAMENTO
A pronta detecção e tratamento por seu Oftalmologista são as chaves da prevenção de lesões ao nervo óptico e cegueira por causa do glaucoma.
Há três tipos de tratamento para o glaucoma: uso de colírios, aplicações de laser e cirurgia.
Uso de Medicamentos (colírios ou comprimidos): É o tipo de tratamento inicial mais frequente. O objetivo é reduzir a pressão intraocular, seja pela diminuição da produção do humor aquoso, ou pelo aumento da saída desse líquido do olho. Dessa forma, haverá proteção do nervo óptico e, em consequência, a manutenção da visão do paciente;
Aplicações a Laser: A trabeculoplastia aumenta a drenagem do humor aquoso, reduzindo a pressão intraocular, a exemplo do efeito de alguns colírios. Nesse procedimento, o Oftalmologista utiliza o laser para realizar pequenas queimaduras na rede trabecular e estimular o funcionamento do sistema de drenagem. O efeito do laser não é imediato. O médico precisará de pelo menos quatro a seis semanas para obter a redução da pressão intraocular. Caso o Oftalmologista identifique no paciente o glaucoma pigmentário, com risco ou antecedente de crise aguda de glaucoma, é indicado optar por outro procedimento: a iridotomia com laser. Neste procedimento, cria-se um pequeno orifício na parte mais periférica da íris, que a retifica e permite a livre circulação do humor aquoso da região posterior para a anterior dessa estrutura. O objetivo é evitar novas crises agudas e a dispersão dos pigmentos da íris;
Cirurgia (trabeculectomia): Após a cirurgia, quando a pressão intraocular aumenta, o humor aquoso desloca-se para um novo compartimento – parecido com uma bolha -, evitando que o nervo óptico seja lesado. Outra alternativa é a ciclofotocoagulação endoscópica com laser, em que é utilizado um equipamento que contém, numa mesma sonda, uma fibra óptica para visibilização das estruturas intraoculares, uma fonte de iluminação e um laser. Através desses recursos, são feitas queimaduras na região produtora do humor aquoso, o epitélio ciliar secretor, visando diminuir a produção desse líquido.
Lentes de Contato
As lentes de contato oferecem vantagens funcionais em relação aos óculos em áreas como esportes, trabalho, em ambientes úmidos e em atividades em que os óculos são inconvenientes e incompatíveis com o equipamento utilizado, como capacete de moto, por exemplo. Vejamos algumas das vantagens que as lentes de contato oferecem sobre os óculos:
Visão natural – como eles são usados diretamente na córnea do olho, as lentes de contato fornecem uma visão mais natural. Os objetos aparecem no tamanho e posição correta, sem qualquer distorção. A distância entre o olho e os óculos pode variar, fazendo com que os objetos pareçam maiores ou menores do que realmente são.
Visão Estável – As lentes de contato não são afetadas por movimentos rápidos do corpo, como na prática de esportes e atividades similares, elas permanecem no local, proporcionando uma visão clara e estável. Óculos são instáveis em seu rosto quando você está praticando alguma atividade que requer muito movimento, tornando sua visão instável e afetando o seu desempenho.
Visão Periférica – As lentes de contato proporcionam uma visão periférica mais ampla e melhor que os óculos. As lentes de contato se movem junto com os olhos e você está sempre olhando pela parte mais clara da lente – a zona óptica. Por outro lado, as armações dos óculos bloqueiam sua visão periférica, e quando você move seus olhos para o lado, você não está mais olhando pelo centro óptico, causando uma visão distorcida.
Não afetadas pelo clima – As lentes de contato não ficam embaçadas quando você vem do frio, e nem são salpicadas pela chuva. Além disso, também não embaçam com o calor do corpo, nem com a transpiração, nem com o uso de máscaras.
Confortável – As lentes de contato são bastante confortáveis de usar, pois não comprimem o nariz nem roçam ou pressionam as orelhas e a têmpora, ao contrário dos óculos, que, além disso, escorregam pelo nariz quando você transpira.
Com melhorias na tecnologia, uma ampla variedade de lentes de contato está disponível no mercado. A maioria das pessoas que normalmente usam óculos podem mudar de maneira fácil e segura para lentes de contato, desde que sejam acompanhadas pelo seu oftalmologista.
Estrabismo
Estrabismo é um distúrbio que afeta o paralelismo entre os dois olhos, que apontam para direções diferentes. Ele pode ser classificado em convergente (esotropia), quando um ou ambos os olhos se movem para dentro, na direção do nariz; em divergente (exotropia), quando um ou os dois olhos se deslocam para fora e em vertical, quando o deslocamento ocorre para cima (hipertropia) ou para baixo (hipotropia).
Esses desvios oculares podem ser constantes e ocorrer sempre no mesmo olho (monoculares) ou se manifestar tanto em um olho como no outro (alternantes). Podem, ainda, surgir só de vez em quando ou quando a perda do alinhamento só fica visível sob certas condições, como nas fotografias, por exemplo.
O estrabismo pode surgir nos primeiros meses de vida, nas crianças maiores e nos adultos por diferentes razões. Até os três meses de idade, a falta de controle do movimento dos olhos não caracteriza a alteração.
CAUSAS
O movimento dos olhos é controlado por músculos, que precisam agir em perfeito equilíbrio para que os olhos permaneçam alinhados. Porém, essa sincronia pode ser comprometida pelos seguintes fatores:
- Dificuldade motora para coordenar o movimento dos dois olhos;
- Grau elevado de hipermetropia, que obriga forçar a aproximação dos olhos para compensar a dificuldade de visão;
- Baixa visão em um dos olhos;
- Doenças neurológicas (AVC, paralisia cerebral, traumas), genéticas (síndrome de Down), oculares (catarata congênita), infecciosas (meningite, encefalite), da tireoide, diabetes e hereditariedade.
SINTOMAS
Os sinais do estrabismo variam de acordo com a idade em que a alteração se manifesta.
No entanto, a diplopia é uma queixa sempre presente nos casos de estrabismo, que se manifestam mais tarde nas crianças maiores e nos adultos. Outros sintomas são a dor de cabeça e o torcicolo, uma inclinação da cabeça que a pessoa estrábica faz para poder enxergar melhor.
DIAGNÓSTICO
O teste do reflexo para avaliar se o foco de luz está centralizado nas duas pupilas é fundamental para o diagnóstico do estrabismo. Outros exames oftalmológicos, como os de acuidade visual, de fundo de olho, de oclusão e movimento ocular também são úteis para confirmar o diagnóstico, avaliando o tamanho do desvio.
TRATAMENTO
O tratamento do estrabismo começa pelas medidas corretivas das causas que provocaram o distúrbio, que incluem aplicação de colírios, uso de óculos, exercícios ortóticos para o fortalecimento dos músculos, tamponamento do olho com visão normal para estimular o outro com deficiência, especialmente nos casos de ampliopia, conhecidos popularmente como olho preguiçoso.
A cirurgia só é recomendada quando o desvio se mantém depois de corrigido o distúrbio que comprometia a visão. O tamanho do desvio é que determina se os músculos de apenas um ou dos dois olhos devem ser operados.
Em alguns casos selecionados, a aplicação de toxina botulínica representa uma alternativa para a correção do desvio.
Neuroftalmologia
A neuroftalmologia trata dos problemas que envolvem a ligação dos olhos com o sistema nervoso central. Entre as principais doenças estão aquelas relacionadas ao nervo óptico, que é a estrutura responsável por transmitir impulsos nervosos da retina até a parte do cérebro que decodifica as imagens.
Explicando de forma mais simples, a retina é o local onde ficam os receptores luminosos, que captam a luz e leva até nosso cérebro, que a transforma em imagens. Alguns dos distúrbios visuais mais comuns que são tratados nessa subespecialidade da oftalmologia, estão:
- Distúrbios de perda de campo visual;
- Perda de visão inexplicada;
- Perda de visão temporária;
- Visão dupla (diplopia);
- Neurite óptica (inflamação do nervo óptico);
- Neuropatia isquêmica (alteração da função do nervo óptico decorrente da mudança em sua circulação sanguínea);
- Alterações na pupila;
- Alterações na movimentação ocular;
- Baixa de visão não justificada por um exame oftalmológico normal;
- Doenças sistêmicas relacionadas aos olhos, como os distúrbios de tireoide, da glândula hipófise, associados a doenças reumatológicas etc.
Vale lembrar de que, como muitas doenças neuroftálmicas são associadas a outras partes do corpo, é habitual que o profissional interaja com outros médicos, a fim de buscar o melhor tratamento e solução. Entre eles, estão o neurologista, o reumatologista, o endocrinologista, o infectologista, o oncologista, entre outros.
Oftalmopediatria
O oftalmopediatra atua em todas as fases da infância tratando as mais diversas doenças que podem acometer as crianças a partir do nascimento, desde quadros mais comuns como obstrução do canal lacrimal, quadro bastante frequente ao nascimento, até doenças que requerem um tratamento mais agressivo e uma atenção maior, como opacidades congênitas de córnea, catarata e glaucoma congênito, além das diversas doenças que podem acometer a retina.
Vale ressaltar a importância de um bom pré-natal, já que doenças infecciosas que a mãe pode adquirir na gestação, como por exemplo a toxoplasmose, pode ser transmitida ao bebê e causar lesões irreversíveis a retina, prejudicando o desenvolvimento visual dessas crianças.
Ainda sobre as lesões de retina, damos uma atenção especial a essa área principalmente nos dois primeiros anos de vida, devido a existência de um tumor retiniano chamado Retinoblastoma, que aparece logo ao nascimento ou dentro dos primeiros meses de vida e precisa ser detectado de forma precoce devido ao risco de vida para a criança.
E é com o intuito de prevenir tais patologias que, logo ao nascimento, todos os bebês devem ser submetidos ao “Teste do Olhinho”, o qual é realizado ainda na maternidade pelo pediatra, como uma forma de triagem para detectar alterações mais significativas que precisam ser tratadas de forma imediata.
Vale ressaltar, contudo, que o teste do olhinho não é considerado um exame oftalmológico e não consegue detectar alterações mais discretas que podem ainda ser prejudiciais ao desenvolvimento visual dessas crianças e, por isso, ele NÃO substitui uma primeira avaliação oftalmológica que deve ser realizada ainda antes do primeiro ano de vida.
Devemos lembrar que o desenvolvimento da visão continua acontecendo ao longo de toda primeira infância, finalizando apenas aos sete anos de idade, sendo fundamental um acompanhamento contínuo, prevenindo que qualquer patologia que apareça nesse período prejudique esse desenvolvimento da visão dessa criança.
Oncologia Ocular
A oncologia ocular é uma subespecialidade da oftalmologia com foco no tratamento de tumores no globo ocular ou anexos (conjuntiva, pálpebras, glândulas), assim como dos efeitos oculares associados à existência e/ou o tratamento de tumores não oculares.
Às vezes esses tumores se originam primeiramente no olho. Outras vezes são metástases de algum foco primário localizado na mama, pulmão, linfomas, entre outros. O bom tratamento é vital, dada a relevância da visão e a qualidade de vida.
Os tratamentos incluem diferentes tipos de laser, quimioterapia tópica, sistêmica, crioterapia, radiação braquiterápica e externa, cirurgia excisionais de pequenas ou extensas lesões com reconstruções adequadas. A decisão requer alto grau de treinamento e experiência, assim como o trabalho colaborativo com a equipe de oncologia geral de adultos e crianças.
Plástica Ocular
A cirurgia plástica ocular é uma área especializada da oftalmologia que se dedica a cuidar das alterações e deformidades das pálpebras, do sistema lacrimal, e da órbita (cavidade óssea que circunda o olho). A subespecialidade está voltada não somente à estética ocular como também ao bom funcionamento do olho. Dentre as alterações mais frequentes que podem ser tratadas destacamos:
EXCESSO DE PELE E BOLSAS PALPEBRAIS
Geralmente, aparecem como resultado de tendências hereditárias ou com a idade. Alergias e o fumo podem acelerar o envelhecimento das pálpebras e provocar o aparecimento de bolsas relativamente cedo, podem surgir nas pálpebras superiores ou inferiores, ou mesmo em ambas. A correção pode ser reconstrutiva ou cosmética, dependendo da severidade do problema.
Há também uma técnica de lift (elevação) do terço médio da face com cortes mínimos. Essa técnica trata do rejuvenescimento facial e é aplicada durante a cirurgia de blefaroplastia inferior (cirurgia das pálpebras inferiores).
PTOSE (PÁLPEBRAS CAÍDAS)
Ocorre quando a pálpebra superior se encontra mais baixa, diferente de sua posição normal. A pálpebra pode cobrir o eixo visual e atrapalhar a visão. A cirurgia é o procedimento recomendado nestes casos.
ENTRÓPIO
Inversão da borda da pálpebra, levando os cílios a tocarem o bulbo ocular provocando ceratites e dor. O olho afetado desenvolve cicatrizes que podem levar à perda da visão. A correção cirúrgica é recomendada nesses casos.
ECTRÓPIO
A eversão da margem palpebral pode levar à exposição da córnea e/ou conjuntiva provocando conjuntivites crônicas, inflamações, ceratites e dor. A cirurgia é indicada para recolocar a pálpebra na posição normal.
TRIQUÍASE
Alteração da direção de um ou mais cílios que se encontra invertidos e tocando constantemente o globo ocular provocando grande desconforto. A retirada dos cílios pelo oftalmologista é fundamental para evitar problemas corneanos mais graves.
LAGOFTALMO PARALÍTICO
Incapacidade de fechamento palpebral completo após paralisia facial temporária ou permanente.
BLEFAROESPASMO
Contrações palpebrais involuntárias que ocorrem na musculatura periorbicular e que podem provocar uma cegueira funcional devido a impossibilidade de abertura palpebral espontânea. Em alguns casos está indicado o uso de toxina botulínica.
TUMORES PALPEBRAIS
Podem ser benignos ou malignos e devem ser removidos precocemente com reconstrução local para que não comprometam a estética ou funcionamento ocular.
OBSTRUÇÃO DE VIAS LACRIMAIS
Podem afetar desde recém-nascidos até idosos, provocando lacrimejamento constante, podendo ainda causar desde conjuntivites crônicas até infecções mais graves das vias lacrimais. Em crianças menores de 1 ano, em geral não necessita cirurgia ou drenagem. Em adultos, procedimento de drenagem ou cirurgia de recanalização pode ser necessária.
ESTÉTICA
A estética também é parte da abordagem da Plástica Ocular. As cirurgias que removem o excesso de pele e as bolsas de gorduras ao redor dos olhos podem ser complementadas com a aplicação local da toxina botulínica e o resultado é uma expressão facial mais leve e rejuvenescida com o benefício de se eliminar o peso sobre os olhos.
Refrativa
A cirurgia refrativa à laser oferece uma solução mais permanente e mais definitiva, enquanto que óculos e lentes de contato oferecem uma solução temporária, ou seja, somente enquanto você os utiliza.
Erros refrativos como a miopia, a hipermetropia e o astigmatismo podem ser corrigidos através da alteração da curvatura da córnea. Precisos feixes de Excimer laser são aplicados sobre a córnea, com o objetivo de remodelá-la, proporcionando uma visão mais nítida.
Neste tipo de cirurgia, o laser atua sobre a córnea de modo que as moléculas de suas camadas mais superficiais se expandem e são expelidas, como se estivesse “torneando” uma lente de contato na própria córnea. Com toda precisão, são removidas, seletivamente, finas camadas da córnea; com isso, sua espessura é reduzida, permitindo a alteração de formato necessária à correção visual.
A aplicação do Excimer Laser pode ser realizada basicamente através de dois métodos:
1- PRK (Ceratectomia Fotorrefrativa) – Método de aplicação do laser sobre a superfície da córnea após a remoção de uma fina camada superficial de células, que se refaz em cinco dias. Após a aplicação do Laser, o olho é protegido por uma lente gelatinosa terapêutica.
A PRK é usada com maior frequência para tratar de baixos a moderados graus de miopia e astigmatismo, quando a córnea é fina.
Alguns pacientes poderão apresentar, no pós-cirúrgico, embaçamento da visão por um período que varia de 1 a 15 dias e certo desconforto, até que o epitélio cicatrize e cubra a área tratada.
Geralmente, gotas de colírio e analgésicos ajudam a reduzir o desconforto pós-operatório.
O resultado visual alcançado é avaliado num período que varia de algumas semanas à 6 meses, de acordo com as características de cicatrização de cada pessoa.
2- LASIK (Ceratomileusis associada ao Excimer Laser) – Método de aplicação do Laser nas camadas intermediárias da córnea após a preparação, utilizando-se o microcerátomo automatizado, de uma lentícula que posteriormente recobrirá a área tratada sem necessidade de pontos.
Pode corrigir graus mais elevados, e não há necessidade do uso de lente de contato no pós-operatório, sendo a recuperação visual mais rápida. Necessita que a córnea tenha maior espessura.
Ambos os procedimentos acima são realizados com o uso de colírio anestésico e permitem que o paciente seja liberado imediatamente após do tratamento.
3- LASIK personalizada – Usa-se a mesma técnica de laser que o LASIK, mas a ceratectomia (corte na córnea) é feita com um segundo laser, ao invés de usar o microceratótomo.
É uma técnica mais segura, já que o laser leva em conta a espessura da córnea nos diferentes pontos e faz o corte com muito mais precisão. Indicada para pacientes com córnea mais fina e/ou irregular.
A CIRURGIA É SEGURA?
O Excimer Laser vem sendo utilizado há mais de 20 anos. Mais de um milhão de pessoas já foram beneficiados em todo o mundo. Os resultados dos estudos feitos nesse período indicam um grau de segurança tão significativo que os órgãos responsáveis pela prática médica no Brasil e em diversos países (inclusive os Estados Unidos), já consideram este procedimento seguro e eficaz. Como qualquer procedimento cirúrgico, não é isento de riscos, porém complicações são raras e na maioria das vezes reversíveis.
Retina
A retina é uma membrana localizada na parte interna dos olhos. Ela é responsável por captar a luz e é essencial para enxergarmos com perfeição. De todas as partes estruturais do olho, ela é, sem dúvida, a mais importante e a que pode apresentar o maior número de alterações.
Doenças sistêmicas — como diabetes e hipertensão —, idade ou a falta de cuidados podem afetar a retina e se apresentar como:
- degenerações;
- deslocamentos;
- isquemias;
- hemorragias;
- inflamações;
- tumores;
- intoxicação;
- buracos e membranas.
Pacientes com diabetes, hipertensão arterial e pessoas que estão na terceira idade devem procurar o oftalmologista periodicamente.
Tal recomendação acontece, principalmente, porque algumas doenças retinianas não provocam sintomas precoces e, quando o paciente percebe o problema, ele já pode estar em um estágio avançado, capaz de provocar até a cegueira parcial ou total. Por isso, é essencial realizar exames complementares.
A avaliação da retina é composta por diferentes exames, como a oftalmoscopia indireta e a biomicroscopia da retina ou do fundo de olho.
Além desses exames, a angiofluoresceinografia retiniana, a retinografia colorida e a tomografia de coerência óptica (OCT) também auxiliam o diagnóstico e podem ser solicitadas pelo especialista como exames complementares.
Uveíte
A uveíte corresponde à inflamação da úvea, que é parte do olho formada pela íris, corpo ciliar e coróide, que resulta em sintomas como olho vermelho, sensibilidade à luz e visão embaçada, e pode ser consequência de doenças autoimunes ou infecciosas, como toxoplasmose, artrite reumatoide, sarcoidose, sífilis, hanseníase e oncocercose, por exemplo.
A uveíte pode ser classificada em anterior, posterior, intermediária e difusa, ou panuveíte, de acordo com a região do olho acometida e deve ser tratada rapidamente, pois pode levar a complicações como catarata, glaucoma, perda progressiva da visão e cegueira.
SINTOMAS
Os sintomas da uveíte são semelhantes aos da conjuntivite, no entanto no caso da uveíte não há coceira e irritação nos olhos, o que é bastante frequente na conjuntivite, além de também poderem ser diferenciadas através da causa. Assim, de forma geral, os sintomas de uveíte são:
- Olhos avermelhados;
- Dor nos olhos;
- Maior sensibilidade à luz;
- Visão turva e embaçada;
- Aparecimento de pequenos pontos que mancham a visão e se mudam de lugar de acordo com a movimentação dos olhos e a intensidade da luz no local, sendo chamados de moscas volantes.
Quando os sintomas da uveíte duram algumas semanas ou poucos meses e depois desaparecem, a condição é classificada em aguda, no entanto, quando os sintomas prolongam-se por vários meses ou anos e não há o desaparecimento completo dos sintomas, é classificada em uveíte crônica.
CAUSAS
A uveíte é um dos sintomas de várias doenças sistêmicas ou autoimunes, como por exemplo artrite reumatoide, espondiloartrite, artrite reumatoide juvenil, sarcoidose e doença de Behçet, por exemplo. Além disso, pode acontecer devido a doenças infecciosas, como toxoplasmose, sífilis, AIDS, hanseníase e oncocercose.
A uveíte também pode ser consequência de metástases ou tumores nos olhos, além de poder acontecer devido à presença de corpos estranhos no olho, lacerações na córnea, perfuração ocular e queimaduras por calor ou substâncias químicas.
TRATAMENTO
O tratamento da uveíte tem como objetivo aliviar os sintomas e é feito de acordo com a causa, podendo incluir o uso de colírios anti-inflamatórios, comprimidos de corticoides ou antibióticos, por exemplo. Em casos mais graves, pode ser recomendada a realização de cirurgia.
A uveíte tem cura, principalmente quando identificada nas fases iniciais, mas também pode ser necessária a realização do tratamento no hospital para que o paciente receba a medicação diretamente na veia. Após o tratamento, é necessário que a pessoa faça exames de rotina a cada 6 meses a 1 anos com o objetivo de acompanhar a saúde dos olhos.
Visão Subnormal
A baixa visão, também conhecida como visão subnormal, é caracterizada quando há uma perda parcial da visão que não pode ser corrigida com uso de óculos convencionais, lentes de contato e nem mesmo com cirúrgica.
Considera-se com baixa visão a pessoa que apresenta 20% ou menos do que chamamos visão normal. E, ainda que esteja enquadrada dentro do termo “Deficiente Visual” (nível 3 do CID 10), não pode ser confundida com cegueira. Diferente da cegueira, a pessoa com baixa visão tem uma visão residual e útil que pode ser potencializada com uso dos recursos de tecnologia assistiva.
O acompanhamento com médico especializado em visão subnormal é fundamental para um correto diagnóstico e reabilitação visual de cada situação. A intervenção precoce resulta em expressiva melhora na autonomia, autoestima e qualidade de vida do paciente.
Apesar de ser mais frequente em idosos, a visão subnormal pode acontecer em qualquer idade.
Nas crianças, as causas mais comuns são congênitas como nos casos de coriorretinite macular por toxoplasmose, catarata congênita, glaucoma congênito, atrofia congênita de Leber e outras atrofias ópticas, infecções congênitas adquiridas no período gestacional (zika, toxoplasmose, herpes, sífilis, HIV, dengue, etc), dentre outras. A prematuridade também pode gerar deficiência visual e desencadear visão subnormal.
Doenças como diabetes, descolamento de retina, glaucoma, traumas oculares, toxoplasmose, doenças infecciosas, bem como doenças autoimunes que comprometem a retina e/ou nervo ótico também podem levar ao desenvolvimento de baixa visão.
No caso dos idosos, a degeneração da mácula (envelhecimento da retina) é a principal causa de baixa visão.
DIMINUIÇÃO DA VISÃO CENTRAL
A perda da visão central determina uma mancha escura (escotoma) no centro do campo visual do indivíduo, porém o campo visual periférico é preservado. Existe dificuldade para leitura, reconhecer rostos e distinguir detalhes à distância. Se houver manutenção da visão periférica, a orientação e a mobilidade podem estar intactas.
ALTERAÇÃO DA VISÃO PERIFÉRICA
Os indivíduos com perda da visão periférica têm dificuldade de identificar objetos de um dos lados ou ambos os lados do campo visual, ou algo diretamente abaixo e/ou acima do nível dos olhos. O campo visual central pode estar mantido. Normalmente, quando a perda do campo visual periférico é importante, a orientação e a mobilidade são prejudicadas. A leitura pode ser afetada pois a pessoa consegue identificar apenas poucas letras de uma palavra ou frase.
TRATAMENTO
A visão subnormal tem tratamento e varia conforme as necessidades de cada paciente. Essas necessidades (e dificuldades) podem mudar ao longo da vida. O acompanhamento com médico especializado em baixa visão ajuda o paciente a desenvolver sua visão útil em qualquer fase.
Os recursos da Tecnologia Assistiva são grandes aliados no tratamento da baixa visão. Ela reúne recursos, produtos, metodologias, estratégias, práticas e serviços que facilitam a autonomia, independência, funcionalidade, qualidade de vida e inclusão social do paciente.
Apesar disso, em muitos casos o paciente não se aproveita desses recursos. Seja por desconhecimento, por barreira econômica ou por esses recursos marcarem a deficiência (estigma).
O paciente de baixa visão pode ter suas habilidades visuais ampliadas com auxílio de recursos ópticos, não ópticos, eletrônicos e de informática, garantindo assim o acesso às informações necessárias ao desenvolvimento funcional, seja em atividades do dia a dia, mobilidade ou nos processos de ensino e aprendizagem.
VISÃO TURVA (por perda da transparência de estruturas oculares)
Neste caso a visão é afetada para perto e para longe, mesmo com o uso de óculos ou lentes de contato. Isto ocorre em pacientes com cicatrizes ou alterações na córnea, nas distrofias hereditárias da córnea e nas uveítes que podem deixar sequelas na transparência dos meios ópticos.
É comum que mais de uma doença ocular esteja presente no mesmo indivíduo, de forma que as alterações acima podem estar sobrepostas.
Abaixo indicamos outros sintomas comuns às pessoas com baixa visão. Podem variar conforme o perfil da doença que determina a deficiência visual.
- Alteração da sensibilidade ao contraste
- Alteração da diferenciação das cores
- Sensibilidade à luz
- Cegueira noturna (baixa visão em ambientes pouco iluminados)